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Por nove anos, Vinícius Mesquita assistiu várias vezes a quase todos os filmes em cartaz na cidade onde mora desde 2004. Projetista da última sala popular de cinema de Mesquita, batizada com o nome do cineasta Zelito Viana, Vinícius e outros moradores de cidades que não contam mais com cinema são obrigados a se deslocar para outros municípios. São mais de 1,1 milhão de moradores da Baixada. Órfãos da telona, eles não contam com uma sala de cinema nos municípios de Belford Roxo, Mesquita, Queimados, Magé, Japeri e Guapimirim.
— Como faz falta um cinema em Mesquita! Era uma opção de lazer. Lembro até o último filme que projetei. Era o desenho “Ratatouille’’. O olhar maravilhado das crianças não sai da minha cabeça. Muitas nunca tinham ido a um cinema. Eu mesmo fui a um pela primeira vez quando tinha 7 anos. Estava com minha mãe e fui assistir a “Super Xuxa contra o baixo astral”. Amo o cinema. Só que, agora, para ver um filme, sou obrigado a ir para Nova Iguaçu ou Nilópolis, cidades onde há cinemas em shoppings — lembra Vinícius, que é servidor público e tem 37 anos.
De acordo com a Prefeitura de Mesquita, a cidade chegou a ter dois cinemas. Um deles era o São Jerônimo, que ficava na Praça hoje conhecida como Elizabeth Paixão. O outro era o Cine Para Todos, que também era localizado no Centro da cidade. As duas salas fecharam entre os anos 60 e 70.
Já o espaço Zelito Viana, que começou originalmente num galpão no Centro, foi transferido para auditório da prefeitura. Chegou a funcionar como cinema até 2013. Atualmente, o um auditório serve como local de trabalho de alguns funcionários. Segundo a prefeitura, o espaço é palco de exibições esporádicas de eventos culturais.
Fechados há mais de 30 anos, os dois cinemas que funcionavam em Queimados trazem boas recordações para o aposentado João Luiz, de 70. Quando ainda era um adolescente, ele frequentou o Cine Queimados e o Cine Centenário. Na porta deste último, ele acabou conhecendo a mulher, Creonice de Carvalho, de 68 anos. Do casamento, nasceram três filhos. E hoje eles têm ainda duas netas.
— Lembro que entrei no cinema, pela primeira vez, quando tinha 5 anos. Estava muito escuro. Pisei alto e quase fui parar no chão. Adorava ver filmes de Tarzan — lembra.
Belford Roxo chegou a ter oito cinemas. A maior parte deles fechou na década de 80. Os dois últimos acabaram em 2015. Eram salas do Cine Star Carrefour que funcionou dentro de um centro comercial.
O grupo Star também foi dono do Cine Big, que, a exemplo dos cines Riviera e Opala, ficavam localizados no Centro.
— O último filme que vi foi no Cine Big. Era um dos episódios de “Guerra nas estrelas”. Já no Riviera, lembro de ter assistido a “Lagoa azul’’. Era uma época boa. Os cinemas eram ponto de encontro de amigos. Tinha lanternina e também baleiro — lembra a professora Cristina Furtado, de 50.
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